Nota:

Oi pessoa, obrigada pelo seu tempo, sua leitura, sua apreciação ou não. Se puder deixe sua opinião, ela será sempre lida. E se por algum acaso for copiar alguma parte de alguma coisa escrita aqui coloque os créditos. É sempre bom estar consciente da fonte das coisas.


Fiquem à vontade conosco e com nossa eterna mania de "eus-bem-líricos".


Enfim, esperamos que gostem.


A.L. - D.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Deve ser como reorganizar o armário, pega tudo o que é limpo, bom, que te agrade e guarde nos melhores lugares. As roupas mais especiais são penduradas cuidadosamente num cabide para não amassar, não empoeirar. As que não servem mais ou, por algum motivo, não são mais apreciadas, mesmo que mantendo seu estado de conservação são destinadas a outras pessoas, para que delas façam bom uso. Agora, tudo que está com buracos, fendas, feito e não utilizável é jogado fora. Sem meros apegos. Filtre.

25.12.11

Anna Lia.
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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Obrigada e algo mais.


Obrigada, eu te amo. Obrigada, eu quero te conhecer outra vez. Obrigada, o que esse seu parabéns significa? Obrigada, queria você por perto. Obrigada, eu vi sua mãe na rua outro dia... Meu coração quase saltou pela boca! Obrigada, eu tenho um peso de você no peito, na alma, no corpo. Obrigada, me liga qualquer dia? Obrigada, quer me conhecer? Obrigada, talvez eu possa ser o que você precisa. Obrigada, eu te amo.

Eu acho que sempre vou ter recaídas de você, como se fosse um vício.

19.12.11

- após ver a lista de parabéns no facebook.



sábado, 26 de novembro de 2011

O amor

Mais um da Tati Bernadi que bate na alma da Anna e da Dan de tal forma que se faz inexplicável.

Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal.E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa.São quinze anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Ele sempre comprou meus testes de gravidez, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex mulher. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados “alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor” e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra”. E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.

- Agora por Anna Lia :

Eu acho que a gente é tão assim, menino. É o que me agonia e me faz feliz ao mesmo tempo. Tem essa angústia de você ser meu sem que eu possa te ter e de você me ter sem que eu possa ser sua. Mas, tem essa felicidade do para sempre, talvez, lá no fundo, seja mesmo que se espera de nós.

26/11/11
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terça-feira, 15 de novembro de 2011


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Machuca. É realmente muito incômodo. Mas, vai desencantando, vem desapegando, até que se esvai e só deixa uma espécie de sensação sem sentido.

Porém, que bom que se vai. Afinal, essa não é mesmo uma coisa para viver a esmo.


15.11.2011
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Eu fico me perguntando cadê você. É inacreditável que seja aquela mesma pessoa que corrompe o amor e diz que foi por sua necessidade de homem, que nomeia de amor essas paixões efêmeras que chegam até você caso se deixar levar. E na verdade, tudo que eu consigo sentir é aquela pena que sua expressão sempre me pedia, e além dela só este carinho de irmã mais velha. Porque agora eu tenho uma dozinha horrível dessa voz sem rosto que eu ouço nas ligações esporádicas. E é que neste instante me bateu um medo de te ver e ter tudo isso confirmado e me questionar como uma das melhores pessoas que eu conheci se deixou estragar tanto.

03.10.11
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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Meu "você".

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Agora você parece tão distante, ser exato. Parece que séculos se passaram desde a última vez que disfarcei o ângulo do meu rosto e te olhei de esguelha, porque não há tempo em que eu consiga estar perto de você sem fazer isso. Pode ser mania ou pode ser que você sempre será o centro de alguma coisa existente em mim. Mesmo que agora eu já não chore tanto, não pense tanto e nem ao menos me desespere tanto tendo você como foco. Ou vai saber se no fundo todos os meus choros e desesperos não são por você de veras. Acho que nenhum deles merece esses meus sentimentos sufocados que apesar de serem tão profundos se fazem silenciosos, talvez seja realmente aquele você de alguns anos atrás o meu “você” certo. Por ventura eu deva parar com a loucura de pensar em outras pessoas que são só pessoas, começo a reconsiderar, mas agora tendo consciência disso, que foi você mesmo. Mesmo já tendo passado, sei que não há possibilidade de voltar no tempo alguns anos atrás e conter meu tremor nas pernas e na voz sempre que se aproximava e segurar na gola da tua camisa e dizer o quanto eu via o mundo em você, como eu me via em você. Pode ser que seja isso mesmo, por isso o presente é tão volúvel, tão não eu, pode ser que o tempo do meu certo tenha se passado. Talvez só me reste à conformidade e a paciência de deixar tudo ao redor pra lá, de prosseguir só comigo mesma e com a lembrança tola de você. Porque sabe, minhas jabuticabas, nenhuma realidade foi ou é melhor do que meu sentimento de pensar em você. Deve ser que esse meu “eu te amo” entalado aqui seja só seu e de mais ninguém. Então, ele deve permanecer aqui, quieto, pois eu sei que você não deve ser mais você e agora eu sou mais desimportante ainda pra sua vida, agora já nada existe, só essas minhas lembranças de ser louco e platônico que sou. Só não deixe mais essas lágrimas caírem por nada, pois combinei com meus pensamentos em suas janelinhas de jabuticabas, combinei que elas só deviam soltar-se por você. Todos eles são humanos demais, e daquela humanidade que me apavora, que me repele. Acho que só você é assim. Foi assim. Penso que era mesmo só você.

07.10.11, postado em 18.10.11.

Anna Lia.
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Eu fico me perguntando cadê você. É inacreditável que seja aquela mesma pessoa que corrompe o amor e diz que foi por sua necessidade de homem, que nomeia de amor essas paixões efêmeras que chegam até você se você se deixar levar. E na verdade, tudo que eu consigo sentir é aquela pena que sua expressão sempre me pedia, e além dela só este carinho de irmã mais velha. Porque agora eu tenho uma dozinha horrível dessa voz sem rosto que eu ouço nas ligações esporádicas. E é que neste instante me bateu um medo de te ver e ter tudo isso confirmado e me questionar como uma das melhores pessoas que eu conheci se deixou estragar tanto.

03.10.11
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domingo, 25 de setembro de 2011

Desabafo, desassossego, desapego.


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Talvez a questão não seja dizer que você é um moleque e não um homem. Entendo, neste instante, que talvez só não seja o cara para mim. Porque para ti é simplesmente impossível ficar do meu lado sem criticar minha aparência, meus modos, meus sonhos e meus pensamentos. Para você estar comigo é querer se sobrepor a mim a todo o tempo. E por mais que eu tente enxergar - e acho mesmo que enxergo - essa coisa aí que tão menino tenta camuflar, a singular bondade que as circunstâncias da sua vida lhe nublaram, não é mais suficiente, garoto. Porque você não consegue ficar do meu lado e me ganhar pouco a pouco – como minha natureza sutilmente arredia pede -, você quer ficar comigo, mas também quer pegar todas as outras garotas do mundo, como se você honroso ficar experimentando por aí enquanto me guarda, prende o que sabe que é certo trancafiado dentro dessa sua caixinha que chama de coração. Porque, enfim, poderíamos até ser exatos um para o outro, mas minamos tudo. Enxergo a minha culpa por querer sempre fugir e trancar esses sentimentos aqui, para não te afugentar, para não me assustar, só que você foi longe demais, tão longe que nem se quer consigo te encontrar agora. E a vida tem me levado a sentir coisas que só queria confessar a você. Todavia, ontem, pela primeira vez eu não senti as mariposas quando ouvi tua voz, e nem aquela dorzinha por você estar tão distante de mim, tão distante de ti mesmo. Porque agora eu tentei afastar todos os fatores externos de mim e me concentrei tanto em meu “eu” e em Deus que finalmente posso estar e paz. Passei a aceitar que você não deve ser mesmo o cara para mim e que não deve ter mesmo aquela “pureza” de olhos e coração e mãos e espírito que eu tanto procuro. Aí entrei nesse acordo comigo mesma e com a minha vida que você será meu amiguinho e eu não sofro mais por isso, nem superficialmente, nem aqui, nos confins do meu cérebro-alma.

Anna Lia.

19.09.11
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Obrigada Senhor!

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Acontece de repente, como em um passe de mágica, mesmo não sendo. Na verdade, você sabe que é um feito de Deus para te guardar, para te fortalecer. É a sensação constante de que há sim Alguém ali para anestesiar tudo. E esse agir, por vezes, vem em forma de pessoas que parecem feitas do amor mais puro já visto. Aí você fecha os olhos para agradecer e pede, também, para que essas pessoas permaneçam. 

25.09.11
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Não há nada nítido no plano das idéias.

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Querido ser platônico, eu sei como é essa vontade de se virar e descer dessa janela. Assim como sei que sente medo daí de onde observa o mundo como se fosse um ser estranho, porque tudo que acontece em idéias se dá de forma mais suave, profunda. Agora o mundo, ah, este talvez não mereça a nobreza de seus sentimentos.

Sei, também, que por fora é forte e talvez tenha até um toque de cinismo na forma como olha ao redor. A frieza nasceu e se fortificou pela necessidade. Contudo, sabe que no fundo não é que não tenha amor, é que este para você é durável, não banal como é para os outros. É que você não sabe sentir ao meio, de forma porosa. Seu sentir vem com o tempo, sutilmente, mas quando chega é como nuvem que se junta, que se carrega e se choca em forma de tempestade. Pleno.

Não há nada nítido no plano das idéias, talvez, por isso não seja onde gosto de estar, onde me sinto a vontade. Cheguei à conclusão de que pertenço a essas nuvens. Inconscientemente devo ter esse precipício pelo ininteligível que se tornou meu carcereiro.


07.09.11
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Moleque/Homem

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Porque moleque escuta o que os outros falam, homem confia em si mesmo.
Moleque faz joguinho, homem sabe o que quer.
Moleque fala demais, homem simplesmente faz.
Moleque respeita só a si mesmo, homem sabe respeitar os outros.
Moleque se acha o melhor, homem sabe olhar para o lado e reconhecer o que “tem”.
Moleque se esconde por trás de exibicionismo, homem sabe se mostrar como ser humano que é.
Moleque quer tudo o que puder ter, homem respeita.
Moleque vai deixar qualquer um te ofender, brincar com você, homem vai te proteger de todo mundo.
Moleque ainda quer curtir com tudo, homem sabe reconhecer e dar prioridade ao que importa.

Para quem acha que ser homem é mais que anatomia, é atitude.

23.08.11
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sábado, 20 de agosto de 2011

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E você espreme os olhos e pede para passar. Porque, afinal, aquele zíper nas suas costas não abre? Será que emperrou? Olha para o céu e roga, e pede, e suplica alguma forma de anjo. Porque você sabe que Deus está ali, sabe que Ele cuida como um pai. Mas, falta alguma coisa. Que coisa? Aí vem a bendita Lei de Murphy e o mundo desaba e leva com ele uma infinidade de tudo, às vezes, por algum tempo leva até você. Então, você espreme os olhos e pede um anjo e aguenta, talvez um dia ele apareça.


20.08.11
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Ah, quem me dera se todos sentissem assim de foram sincera. Ah, quem me dera o amor fosse tratado olhos nos olhos, encarado de forma simples e leal. Ao final, as pessoas se cansam e se jogam, fugidas, numa imensidão de dúvidas. Que pena. Não precisava. A perda vem se você renega tudo o que sente, mas também vem quando tudo o que se sente é renegado. É dói. Essa segunda, sim, magoa. A esperança, afinal, fica nas palavras de Caio Fernando Abreu. Espero que passe, espero conseguir fazer passar.

20.08.11
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sábado, 13 de agosto de 2011

Eu vou deixar – Who Knew

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Eu vou deixar outra boca se colar na minha e me levar de ti, só para ver se aquela interrogação de gosto se esvai de mim. Eu vou deixar outras mãos me levarem, puxarem-me, manipularem-me só para não me sentir tão tola por querer só as suas enquanto você parece querer todas. Eu vou deixar outro toque, só para ver se a sua imagem se desprende da minha mente teimosa. Eu vou deixar outro corpo se colar ao meu, confundir-se com o meu só para ver se você sente tanto como eu ando sentindo. Eu vou deixar quietinha outro olhar avaliador se passar por mim como se avalia um objeto, só para que seu olhar de menino se despregue da minha memória. Eu vou me deixar cheirar outro alguém, como só faço contigo, só para ver se você entende que eu odeio seu perfume, amando seu cheiro. Eu vou pegar em outras mãos só para esquecer que as suas me aqueceram naquela última tarde fria debaixo daquelas telhas velhas e só vou me permitir lembrar agora que você se aproximou de mim meio vacilante como não deveria, com aquele olhar de menino que pede e me prendeu entre essas suas garras me fazendo sentir especial, perigosamente especial. Eu vou deixar, menino, eu preciso deixar outro alguém me tocar o corpo só para ver se te tiro da alma. Desculpe se eu somente sou aprendiz da vida, desculpe se eu somente sou uma menina, desculpe se por algum momento nossas meninices se desencontraram e confundiram-se com nossas adultidades. Mas, eu, aqui para mim, já fiz demais, já me esqueci do orgulho demais, já não sei mais o que fazer. Então menino, vou ceder a precisão mesmo sem querer só para depois chorar escondida num canto o quanto eu te queria aqui ao invés de todos eles, só para estalar os seus dedos de novo e clamar ao plano Divino uma felicidade.

Sugestão: Who Knew e João de Barro - Maria Gadú.

12.08.11

  
Por: Anna Lia.
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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Stop Crying Your Heart Out


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Venho tentando não chorar e nem pensar nessa dor que você me fez. Porque aqui, para as minhas letras queridas, eu admito que dói e que tem doido, profundamente. É como as estrelas de Oasis, elas se foram para algum lugar onde nem ao menos posso ver suas sombras e seu brilho se tornou invisível aos meus olhos infantis. Resta a mim apenas me perguntar quando poderei vê-las novamente, quando aquele sorriso perdido vai voltar, quando os sentimentos poderão ser compensados com o destino provável. Porque eu esperava de todas as pessoas, todas as coisas ruins, mas de você, menino, eu só queria o destino enrolado no meu, daquele nosso jeito complicado e tão certo. Levou minhas estrelas de mim e nunca vai poder mudar o que passou, tenho que seguir meu caminho e fazer meu coração parar de chorar sim. Contudo, o mais difícil é acreditar que foi você quem casou as lágrimas.

Então, mesmo meio acabada, meio repleta de questões eu tento não me preocupar, pego o necessário, sigo e espero.


Por: Anna Lia.


07.08.11

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sábado, 6 de agosto de 2011

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Eu acordo todos os dias e penso dez vezes o quanto eu me amo, o quanto sou forte e o quanto não acredito em mais nada do que eu mesma. Depois quando essa mera fraqueza humana começa a me afetar penso em motivos para não querer você, em como você tem o cabelo curto demais, como seus olhos tem um ângulo estranho, suas sobrancelhas não são bem formadas e seu sorriso não é nada do que acho lindo. Mesmo gostando das suas mãos. Mas, aí é outro assunto, porque lembro de como você me tem feito sentir asco delas.

Eu ando todos os dias jogando um charme que penso não possuir, mas o esbanjo assim mesmo, só para ver se alguém percebe, se alguém me rouba e me afasta das desilusões que você tem me feito. Sabe, certa vez li um texto* que dizia os motivos da mulher não endereçar um texto ao homem, acho que cheguei a esse ponto, escrevo aqui por você ter passado do nível de única exceção para o resto. Para o nada.

Faz uma semana que antes de fechar os olhos a noite eu penso no quanto tenho dó por você não ter conhecido a verdadeira eu e jogado toda a culpa sobre seus ombros, onde, aliás, deveria ter estado em todos os momentos dessa palhaçada que um dia chamei de história.


* O texto a que faço referência é da Tati Bernadi.

06.08.11

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sábado, 30 de julho de 2011

Eu, super eu.


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Senti-me um nada. Justo para você que sempre vinha a minha cabeça como a mais doce exceção. E eu perdoaria todos os seus erros... Sua mania de grandeza, sua arrogância e até essa forma de ver tudo como um jogo, uma fase a mais para ganhar. Eu esqueceria tudo isso se nós pudéssemos continuar sendo nós. Mas, acabou e eu choro por isso e me desespero por isso, internamente. Só que fim é a última parte de qualquer coisa, eu vou voltar a ser como antes, além do mais já passou da hora de ativar minha armadura e virar a super alguém.

30/07/11
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Barco dos sonhos


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Venho precisando de alguém que não existe, de alguém de sonhos. Venho desejando um abraço inexistente, um afago de pureza, de um cuidado que não acho. Pois eu cansei de tentar ser para você o que ninguém é para mim.


30/07/11
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domingo, 10 de julho de 2011

Acontece que/Respiro.

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E todas as pessoas do mundo podem me chamar de boba, de estranha. Podem até dizer que eu não sei aproveitar a minha vida. Acontece que eu cansei das mentiras que as pessoas contam, que eu não quero fazer parte de tudo isso. Que eu me recuso a corromper a mim mesma a toa. E eu sei que eles podem vigiar os meus passos, segurar as minhas asas, trancar-me aqui dentro e me cercar de toda e qualquer porcaria. E até as minhas idéias podem ser parcialmente roubadas, minhas letras podem ser lidas por olhos que vigiam, mas não apreciam, meus emails podem ser lidos e relidos assim como minhas histórias, as pessoas podem ser a mim proibidas enquanto outras podem ser a mim impostas. Só que acontece que eu me recuso a isso. Acontece que isso não pode chegar ao que eu sou de verdade. Porque eu tenho andado por aí e fingido tudo e quando eu falo a verdade ninguém escuta. Eu continuo sendo afetada pela metade e por mais que isso me frustre e decepcione eu continuo aqui, funcionando, respirando. E mesmo que eu queira com todas as forças que me restaram ser eu, paro. Respiro. E imagino um dia, um lugar bem longe daqui e paz. Aquela paz e vida que eu mereço, que eu preciso.

10.07.11

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Eu não sei mais.

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Sabe amor, eu tenho tentado não sentir nada e por vezes eu até consigo. Quando fica mais complicado penso nos erros do mundo, lembro-me que o ser humano trai, machuca e tem a consciência corrompida. Mas, também existem vezes em que só quero chorar baixinho encostada em você e ouvir a sua voz ou acreditar que existe sim aquele amar e que este está por perto.

O fato é que mesmo assim eu acho que consigo não sentir nada depois. Quem falou que não se pode? Quando você passa a vida vendo certas coisas acho que se aprende a ter asco de muitas delas e mesmo que isso só corroa as ideias dos fracos a parte dos sonhos é comprometida, talvez fatalmente.

08/07/11

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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Esse seu "inho" de vida.

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E desse meu jeito meio marrento meio quebrado eu sinto uma saudade descontrolada de você. E eu não sei ao certo a forma com a qual te quero, mas sei que você faz parte da mim. Eu tentei tanto te dizer isso. Te dizer que não era do seu perfume caro que eu gostava era do seu cheiro; não era esse seu sucessinho que me encantava e sim a forma como falava comigo meio como amiga, meio como sua garota; não era esse seu olharzinho com dó de você, do mundo e dó de mim que eu gostava de encarar era, sim, a forma como ele mudava quando você perdia o controle, pois só assim você não pedia para eu sofrer como você, para eu sentir nem que fosse pena. Só que você está tão preocupado com o mundo que acho que se esqueceu de mim, esqueceu-se que eu não falo por palavras, por mais que as escreva, eu falo por gestos e olhares. E eu sou tão lerda para sentir, para decidir, para arriscar. E eu tenho essa sutileza, esse ar de frieza que esconde toda essa intensidade aqui. Eu não sei ao certo se me tornei invisível para você como me sinto para o mundo, mas sinto que agora é assim. E eu vou me acostumar, não por desistir e sim por precisão. É que tudo já dói tanto que eu não quero que você me machuque mais. E do meu jeito de levar eu vou indo, confesso que quis te trazer comigo, quis te mostrar as sete chaves que destrancam isso aqui, mesmo que nem eu as conheça. Mas, acho que você nem quer... Quer o mundo, quer esses "inhos" que tem por aí ao contrário de mim que decidi não ser miserável de existência.

Sugestão: Maglore - A Sete Chaves.

28.06.11

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Furor

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Parece que eu tenho o mundo inteiro entalado na garganta, no peito e na minha cabeça as ideias giram e giram e tudo que fica é fugir. É tirar daqui toda essa ânsia desesperada. Mesmo que ultimamente até o meu furor venha seco, cru. É um desespero tão calmo que me assusta e fico me perguntando quando essa panela vai transbordar. Pois eu sei que as lágrimas bem como uma dor lancinante estão contidas aqui, querendo sair, não sei o que as impede e também não procuro saber. Como todo o resto, tem sido assim: esperado, mas temido. Esse paradoxo sem fim.

23.06.11

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

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Em meio a uma noite excessivamente perturbadora encarei-me chorando. As lágrimas fluíam dos olhos de maneira tão lenda e desesperada, mas não sabia de onde vinham ou qual o motivo de virem. Três palavras ficaram presas na garganta, as mesmas sete letras que significam tanto para as pessoas. Aquelas que costumam garantir a alguém um lugar onde estar em qualquer circunstância. Mas, vieram acompanhadas de lágrimas desesperadas, da falta de um objeto.

20.05.11
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Entenda, se puder ².

Então eu fiquei sozinha outra vez pensando e pensando na hipocrisia que parece corroer o mundo e todos aqueles sentimentos de indignação reapareceram, ou pelo menos uma parte deles. Daí comecei a querer comparar e pesar um lado da minha alma com o outro. Tem aquele lado cético, de justiças e balanças, mas também há aquele feito de palavras e droga, como ele me encanta.



13.06.11

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Entenda, se puder.

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Então eu fiquei sozinha outra vez pensando e pensando na hipocrisia que parece corroer o mundo e todos aqueles sentimentos de indignação reapareceram, ou pelo menos uma arte deles. Daí comecei a querer comparar e pesar um lado da minha alma com o outro. É estranho pensar que você é um paradoxo que anda, que come, que fala. Porque eu gosto de ações, sofro pela falta delas, mas sou ser tão movido a ideias e falas e palavras e pensamentos...

Em determinado ponto - não me lembro qual - dessas divagações tão comuns a mim pensei: " se as pessoas na vida real agissem como as palavras escritas, mentirosas, sobre o papel o mundo estaria melhor, porque mesmo quando mentem as palavras são sinceras."

13.06.11

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domingo, 5 de junho de 2011

Olhe para mim, é o que eu queria que soubesse:

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Veja. Entenda-me bem quanto a isso. É que você era a unica parte da minha vida em que não cabia decepção. Você era a unica parte em que eu não queria o "inconcluível", ou esse clichê maluco de gostares platônicos. É que você era para ser meu, tão simples. É que as suas mãos tinham lugar certo na minha cintura e o seu nariz tinha lugar certo no meu pescoço e era sim como 1+1 = 2. Era que eu não tinha tanto medo de gostar de você, ou de você enfim gostar de mim, o medo, na verdade, era de você me conhecer melhor e descobrir que eu não sou quem você idealizava ou até que o objetivo já estava alcançado.

Veja bem, era que você, no fundo, era o único de verdade.

Perceba que meu gostar por você sempre foi assim sutil, singelo. Mas, era que você tinha tudo para ser meu e eu queria muito ser sua, daquele jeito que rodava na minha cabeça: sem restrições, sem hipocrisias, sem jogos. 

Era que a gente deveria ter sido de verdade.

05.06.11

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A Carta Confissão.


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Resolvi deixar isso aqui. Guardado para quando eu quisesse ler. Eu gosto de ler essa carta, embora não acompanhe tanto essa série. De certa forma essa cena me cativa.

"Eu quero te contar um segredo. Não sou quem pensa que sou. Meu disfarce é tão sutil que não sei como você ainda não reparou. Sou a garota dos seus sonhos, disfarçada de sua melhor amiga. Às vezes quero arrancar essa máscara como eu fiz no baile da primavera, mas eu não posso porque você ficaria assustado e correria de novo. Então resolvi que é melhor viver com a mentira a expor minha verdade. (Isso é bem mais fácil quando está inconsciente). Meu pai diz que há dois tipos de garotas: aquelas que você esquece e aquelas que cativam. Espero ser a última. Eu posso não ser a sua amada hoje, mas vou liberá-lo agora, esperando que um dia volte pra mim, porque acho que você vale a espera" 

Carta da Chloe pro Clark
(Temporada 2, episódio 15 - Fever)

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sexta-feira, 3 de junho de 2011

O que eu não deixo.

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Parada escutando aquela mesma música de sempre me pus a lembrar de tudo que eu mais gostava no meu você preferido. E foi o suficiente para começar a entender  o porque, a razão que em meio a tantos vocês que vem a mente o seu rosto ainda é a melhor imagem. Aquele jeito de andar nada haver, ou aqueles gestos engraçados que lembro que fazia com as mãos, ou uma certa pontinha de exibicionismo quando percebia que era observado, que havia expectativa. Até a sua forma de quebrar todas as minhas expectativas sem dizer nada e reviver todas elas só com aquelas jabuticabinhas mentirosas que você leva aí. Mesmo nunca tendo gostado do seu nome, pois ele tem letras de menos para o meu gosto, acho que nunca mencionei que eu amo o seu signo, e adoro como ele combina com o meu, o modo como nossas supostas manias de liberdade nos unem, ou não. E mesmo que eu não acredite em signos, tenho essa mania de não acreditar, mas não abandonar. Acho que é isso que me ferra. Porque todas as vezes que eu vou ver o meu mapa astral eu costumo ver o seu. É instantâneo. E mesmo tendo essa certeza bandida que "eu e você" é uma coisa idiota, fruto na mente de uma menina boba, fruto da imaginação de uma mulher ascendente, eu não abandono esse conjunto, que soa tão estupidamente bem ao meu cérebro, "eu e você."


Sugestões: Apenas Mais Uma de Amor - Lulu Santos - e Pra Você Guardei o Amor - Nando Reis -.

03.06.11

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Entre meninas.

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Ela quer te ver hoje. Na verdade o quer sempre, porém hoje é especial e ele sabe. Sabe mas, não vai, não liga, não procura.

Então dá vontade de berrar, de gritar: vai garoto! Sai daí, dispensa o marasmo, o comum, o já feito e pega sua espada, monta o seu cavalo e vai atrás dela. Porque mesmo dizendo aos quatro ventos que não, ela te espera, como sempre esperou, mesmo sabendo que você não vai, não liga, não procura, talvez nem se importe. Tem um lado nela, oculto, estraçalhando de esperança, que quer ansiosamente de te ver lá fora olhando, esperando por ela. Sem cavalo. Sem espada. Cru.

Porque ela já é mais feliz só por ser você.

Para espantar a dor de amigas.

15.03.11

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.E é assim, mesmo quando não me identifico, me encanto. E agora eu amo me encantar.

Olho pela sacada da minha casa e vejo você chegando. Corro para o enorme espelho do meu quarto e repito em mantra: eu não gosto dele, eu não gosto dele, eu não gosto dele.

Tenho quase 18 anos e consegui estragar todos os meus relacionamentos simplesmente porque gostei demais das pessoas. Dessa vez quero acertar, por isso, combinei comigo que apesar de estar morrendo por você, não gosto de você.

Espero você tocar a campainha olhando o escuro pelo olho mágico. Meu coração dispara mas eu mando ele parar. Estraguei todos os meus relacionamentos de tanto que meu coração dispara. Dessa vez quero acertar, dessa vez quero que alguém fique comigo ao menos um mês sem me achar louca. Cansei de sempre ser a garota louca que espanta todo mundo.

Você tem cheiro de roupa limpinha com mente suja e eu quero te rasgar inteiro. Mas apenas te dou um beijinho no rosto. Preciso me comportar. Ser como as minhas amigas que se dão bem e arrumam namorados apaixonados. Há anos que eu rasgo os rapazes, enlouqueço, me apaixono, devoro. E termino sozinha no Espaço Unibanco querendo morrer enquanto olho sem fome para o pacotinho com dez mini pães de queijo. E os caras morrendo de medo de mim.

Chega. Dessa vez vou acertar. Não vou chorar na sua frente porque acho um absurdo estar viva, não vou pirar porque deu quatro da manhã e eu tenho a impressão de que a noite é uma coisa de pirar a cabeça. Não vou beijar sua nuca no meio da noite e gostar de você como naquela canção do Legião que diz que é como se não houvesse amanhã. Eu gosto das pessoas pelo prazer de gostar e não porque deu tempo de gostar delas. E ninguém entende nada. E todo mundo se assusta. Mas prometo ser uma mulher normal dessa vez.

Você não sabe porque eu não te atendi o dia todo. Eu te conto que é porque estava muito ocupada. Minhas amigas sempre usam essa desculpa e sempre namoram. Eu era a louca que nem esperava os caras ligar e já ligava pra eles. Mas dessa vez to ignorando o telefone. Mesmo que ele fique no meio das minhas pernas o dia todo esperando um telefonema seu. Mas você jamais vai saber disso.

E jamais vai saber mesmo, sabe por que? Porque você é o primeiro homem do mundo que não sabe que eu tenho esse site. Chega. Todos os homens morrem de medo desse site e eu não agüento mais essa porra dessa solidão que me dá toda vez que procuro um pouco de amor nos beijos e abraços curtos que alguém me dá só pra poder transar depois. Chega. Você não vai saber nem a pau que eu tenho esse site e muito menos que eu gosto de você e escrevo sobre você.

Aí você fala que vai cortar o cabelo e eu quero implorar pra você não cortar. Porque essas suas mechas acabam comigo. O cheiro do seu cabelo. A maneira descabelada que você usa pra parecer arrumado. E eu amo a sua cara de argentino e que você odeia os argentinos. E eu amo como a sua calça nova cai bem em você e como você fica elegante de all star. E eu quero te pedir pra deixar tudo como está e não cortar minhas mechas prediletas de todas as mechas. Você me salvou. Eu não agüentava mais pensar nos mesmos caras que eram sempre os mesmos caras. Você é novinho em folha e eu sou louca por você. Mas tudo isso eu não te conto pra você não achar que eu sou louca. Chega. Dessa vez vou fazer tudo certo.

E você nem sonha que eu sou bipolar, quero ser mãe e acredito no amor da vida. Acredito no amor pra sempre. Acredito em alma gêmea. Você nem sonha com essas coisas porque só conversamos coisas leves e engraçadas. Chega de ser a louquinha intensa. Maior legal beijar e se divertir com a louquinha intensa, mas quem agüenta o tranco de me assumir, de me amar? Ninguém. Chega.

E você pede pra fazer xixi e faz o xixi baixinho. E eu corro no espelho de novo e repito cem vezes que não gosto de você. Não gosto de você. Não gosto de você.

Porque se eu gostar de você, eu sei que você vai embora. E eu simplesmente não agüento mais ninguém indo embora. Porque nessa vida maluca só se dá bem quem ignora completamente a brevidade da vida e brinca de não estar nem aí para o amor. E eu preciso me dar bem e por isso ignoro minha urgência pelo amor. Porque se você sentir urgência em mim, vai é correr urgente daqui. Chega.

E você implora pra gente finalmente transar. Já é a sexta vez que você vem aqui. E eu quero muito. Muito. Porque você tem a voz mansinha e só fala coisa inteligente. E você é cínico sem ser maldoso. E graças a Deus você não é publicitário. E nem é amigo dos meus amigos. E ta cagando para as meninas bonitas do seu Orkut porque você pira em mim. E eu quero transar com você e te contar que escrevo sobre você e que morro pelos seus braços . Mas não, não. Estou morrendo de vontade de ser eu mas ser eu só tem me feito perder e perder. E eu quero ganhar. Só dessa vez. Chega.

E eu quero me dar de bandeja pra você. E dentro de mim uma voz diz: pira Clara, enlouquece. Vive um dia e já está bom. Depois eu demoro semanas pra me levantar mas pelo menos fui intensa e vivi um dia. Mas não agüento mais nada disso. Quero viver uma história. Por isso dessa vez não vou transar e nem gostar de você. Tchau. Peço pra você ir embora. E você jura que eu não estou nem aí pra você. Melhor assim. Dessa vez quero fazer tudo certo. Chega de fazer tudo errado.

E eu te espio da janela, indo embora. E quero berrar o quanto gosto de você. E te pedir em namoro. E rasgar sua roupa. E te comer. E dormir enroscada no seu cabelo. E te mandar flores amanhã. E mais uma vez agir como um homem. Mas eu cansei de ser homem. Chega de usar o pinto que eu não tenho pra foder comigo. Eu sou menina. E meninas só transam depois do sexto encontro. Ou depois que o cara fala que gosta delas. Dessa vez vai ser assim. Chega.

E se você não se apaixonar por mim mesmo com todo esse teatro de moça banal que eu estou fazendo, vai ser a prova que eu precisava pra saber que você realmente vale a pena.

Tati Bernadi.

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Outra vez Tati


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Nenhum pensamento meu tem o poder de te machucar, nenhum mundo para onde eu vá tem o poder de te causar desespero. E eu preciso te sentir na minha ratoeira, eu preciso atirar nas suas asas que sobrevoam meu sossego. Você sempre me deixa, mesmo ficando colado comigo. Eu preciso sentir tormento alheio para desocupar o lugar da atormentada. Eu preciso ter a certeza que no seu ponto perdido no espaço ainda não mora outro rosto. O amor tem uma cara feia pra mim, de tormenta, de escuridão, de labirinto. E eu não consigo acreditar no seu jeito feliz de me amar, no seu jeito feliz de achar que tudo bem entregar um peito a outro ser que voltou ao mundo porque ainda não tinha aprendido a viver.

Quando a gente ama, a gente entrega a alma para alguém que não sabe direito nem o que fazer com a própria. Por isso eu agora estava ali, coberta do cheiro alheio, para ver se eu me defumava de outras intenções, o suficiente para fechar os poros das nossas portas. Eu queria morrer ali, ao lado do outro homem. Ainda que nenhuma célula do meu corpo permitisse a proximidade de outro batimento cardíaco, outro bafo e outro estalar de dedos do pé. Eu queria congelar aquele momento sem luz, aquele momento em que, aos poucos, eu sentia meu corpo e todo o resto feito de espírito voltar ao meu centro. A nossa morte que me retornava à minha vida. Eu queria que a manhã chegasse aos poucos, matando você sem que eu acordasse e, finalmente, no café da manhã, eu tomaria um suco de laranjas com a minha existência livre da sua. Eu queria não acordar e lembrar que ainda preciso conquistar você, porque você brinca de ser meu, mas mora do outro lado mundo. E eu não sou atleta e nem forte para correr tanto e tão longe, por isso gostaria de destruir tudo o que é seu do meu mapa.

Eu tenho muita preguiça do seu olhar de “já sei o que é sofrer, agora posso viver sem medo porque descobri que eu não morro”. Eu já sofri por aí, mas ainda morro muito, todo dia eu velo meus restos e conto uma piada para ninguém perceber. E eu queria relaxar da terra em cima da minha cabeça só para variar um pouco. Eu estava deitada numa cama imensa que poderia ser minha, e o outro dizia “tudo aqui pode ser só seu e pra sempre”. Aos poucos fui lavando meu cérebro de você, e torcendo para os restos da limpeza caírem no meu coração, acabando de vez com o serviço. Fui trabalhando meu corpo para esvaziar todas as suas pistas da minha história.

A maior felicidade para mim é sentir uma coceguinha de proteção no centro do meu estômago, uma borboletinha da alegria, uma paz imensa que emana do meu centro enquentando até os dedos do pé e os fios de cabelo. Essa alegria foi nascendo, igual a quando eu sabia amar apenas como filha, porque ele me deixou ficar nua, carente e imaculada, como uma criança. A escuridão foi me invadindo e calando neurônio por neurônio, grito por grito da minha angústia. Eu já estava me acostumando com a vida assim, a vida quente e confortável do chão firme e certo. O quente do amor conquistado e sólido e não da paixão quebrada em milhões de pedaços indecifráveis que eram jogados por um desconhecido, como num jogo de dardos, no meu coração estampado numa parede descascada.

Mas eu sonhei que você me descobria, me via deitada ali com a pele tão arrepiada que parecia uma galinha depenada, e eu te dizia: eu não deixei ele encostar em mim, eu sou tão sua, que merda, eu sou tão sua. E você, sem alterar a expressão eterna do seu orgulho inabalável, apenas me olhava com pena e me dizia que tudo bem. Mas não está tudo bem, sabe? Eu preciso ver sofrimento no meu líder para saber que sigo um apelo humano. Eu cansei de alisar sua escultura de pedra. Eu cansei de ser perdoada, compreendida e aceita. Eu cansei do mundo evoluído, porque eu sou bicho e esse mundo evoluído me humilha demais. Alguém aí pode admitir que essa merda de vida dá um medo filho da puta, e que ficar longe de tudo dói, e que ficar dentro de tudo dói, e que estar aqui, agora, dói pra cacete?

Alguém aí pode admitir por um segundo a inveja, o cansaço, o ciúme, a dor, a porra toda que essa química causa no nosso cérebro quando se espalha sem pedir permissão e joga essa doença toda pra cima da gente, a gente que estava calmamente vivendo nossa vidinha idiota? Alguém aí pode deixar de segurar na muleta social do divertimento, jogar copos longe, cigarros longe, bocas alheias, fugazes e desconhecidas longe, roupas longe, colares e pulseiras longe, poses e armações de sutiãs longe,…? Alguém pode me dar um murro na boca e me prender ao pé da cama, por favor?

Tati Bernadi.

domingo, 22 de maio de 2011

Dias Chuvosos.


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A chuva não para de cair lá fora. Oito dias. Oito dias que eu relembro você e me dá vontade de estar lá fora também, como antes. Ouvir sua voz novamente, só para saber que nada pode mudar tanto, para ter certeza do que fazer, do que escolher, de ver as coisas como via antes. A chuva deve estar em mim, caindo de mim que perdida espero algo que nem ao menos conheço, mas sei, sei que neste inverno espero ver.

Terça de carnaval, 2011.
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sábado, 21 de maio de 2011

Um copo de água.

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Tati Bernadi para quem não cansa de se identificar com ela.


Eu mastigava com culpa cinco daquelas bolinhas de amendoim. Não era culpa, era ansiedade. Não, era tédio. Minhas amigas conversavam longamente sobre algo que não me interessava nem por um segundo. As chatices do marido, as chatices do trabalho, as chatices do trânsito. Minha vida não é chata. Desde muito novinha decidi que minha vida não seria chata. Eu inventaria um trabalho, uma casa, um dia, um modo, um jeito. E inventei. As festas na Carol sempre tinham comidas incríveis mas, naquele dia, eram só bebidas. Eu não bebo. Quer dizer, agora, de vez em quando, comecei a beber só porque entendi quando me falavam que sem álcool é tudo muito pior. Então passei a beber pouco. Uma taça de vinho? Mas naquele dia eu não podia beber porque não tinha comido e também porque não estava a fim. Eu estava a fim de ir embora. Voltar pra minha vida que não era chata mas ficava chata quando percebia que eu tinha uma vida dentre todas aquelas vidas que se faziam perceber. Olhei pra porta. Ela abriu e você chegou. Eu não te via há 3 meses e alguns dias. Foi então que o narrador do meu cérebro pigarreou e mudou o tom. Eu me narro tudo desde que me tenho por cérebro. Como se o tempo todo eu me contasse e contasse o mundo. Para ver se eu existo e se o mundo existe. Para ver se eu me suporto e se suporto o mundo e se o mundo me suporta. É insuportável, mas o tempo todo minha cabeça narra tudo. Minuciosamente, detalhadamente, dolorosamente. O tempo todo eu cavoco o segundo, o pó, a pele, o que se diz, o que se parece. Tentando narrar o mais profundo do profundo do que eu poderia narrar. Só pra responder o mais profundo do profundo do que eu poderia perguntar. Então o narrador começou dizendo assim "e então ele entrou por aquela porta". Você entrou por aquela porta. Eu apertei o braço da Fernanda: "é ele! Ai, meu Deus, é ele". Quem, Tati? Ele. Mas qual dos "eles"? Você tem tantos "eles", Tati. O último. Você era o último homem que eu tinha amado e, portanto, o "ele" da vez. Com seu cabelo alto, largo, rococó. Eu amo seu cabelo. Amo os cachos mais brancos que parecem ornamentos rococós para suas orelhas. Os puxa-sacos te abraçam. Eu percebo quem gosta de você e quem só te abraça porque um dia pode precisar de emprego. Alguns te abraçam gostando de você. E então eu fico feliz, porque eu gosto que gostem de você. Porque você é o tio da Lia, a bebezinha que pensa muito antes de rir pra qualquer bobagem. Você é o cara que, quando foi embora, me deixou sentindo uma dor bem enorme, mas eu gosto de você, você não fez por mal. Seu mal nunca foi por mal. Então, eu gosto que gostem de você. E o narrador me narra seus tênis sempre tão publicitários. Seus pés gordinhos e pequenos e tão perfeitos pra carinhos. E narra sua roupa de chefe descolado. E narra o segundo em que você me percebe na festa e cochicha no ouvido do seu amigo alto. E narra todas as infinitas vezes em que você passou por trás de mim, esperando que eu me virasse e concordasse com seu "oi" cordial. Preferindo que eu não me virasse, assim você podia não sentir essas coisas complicadas todas que sentimos juntos. Então, cansada de te narrar, chamei firme seu nome, com um sorriso maduro. Mordendo a língua que tremia batendo no céu da boca. Minha língua, quando te vê, quer logo te dizer coisas lindas e assustadoras. Então é uma luta prendê-la no céu, deixando na terra apenas meu cordial "oi" que você queria sem querer. Então fomos pegar água. Brindamos com a água. Você com sua mania de conversar quase dentro da minha cara. Eu vesga de te ver tão perto. Seu charme míope e inseguro. O menino inseguro que conversa colado na minha retina. Que insegurança é essa? Eu não te pergunto nada, apenas desejo tanto você que sorrio como se não me importasse com sua existência. Mas você resolve se explicar mesmo assim. Porque "seus olhos estão sempre me perguntando algo", você diz. E você começa sua loucura que me faz gostar ainda mais de você. Empurra a palma contra o peito e diz "eu gosto assim, Tati, fechado, protegido, eu gosto". Então você olha para o meu copo d'água e diz: "eu sou só um copo d'água, mas você ficava me olhando e pensando nas bolhas e nos gelos e nos canudinhos e na transparência e se a água era isso ou aquilo. Água é só água, por que você complica a água, Tati?". Então apagaram a luz e eu quis me esconder dentro do seu paletozinho de publicitário descolado e ouvir suas batidas descompassadas e embaladas pelo seu cheiro de alma boa. Mas você pegou na minha mão e continuou dizendo que uma mão, muitas vezes, é apenas uma mão. Mas que eu insistia em enxergar os buracos entre os dedos, os anéis que separavam os dedos, a dor da separação dos dedos, a gota da bebida gelada entre os dedos. E que você não poderia suportar isso. A maneira como eu te olhava. Vendo mais, inventando mais, complicando mais. E eu quis te dizer que tudo bem, eu seria uma menina simples. Eu mataria meu narrador, minhas possibilidades, meus mundos, minhas invenções. Só de ver seus cachos mais grisalhos e rococós ornando seus medos e superficialidades eu desejei não ser mais eu pra ser qualquer coisa que pudesse ser sua. Mas enchi meu peito surrado e murcho de coragem e te disse que, infelizmente, onde você era apenas um copo d' água eu era a tempestade.

Tati Bernadi.

domingo, 8 de maio de 2011

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Ando meio cansada de pessoas de mentira, cansada de pessoas que prometem e não cumprem, de pessoas que vão embora sem se despedir. De pessoas que vão embora. Gostaria que elas entendessem que quando deixam alguém, este sofre e costuma ser um sofrer silencioso como um doença que se aloja no corpo, que vive dele para apenas se manifestar depois de anos. Dor. Contudo, elas continuam a ir e você que se vire, que se acostume, que supere. Mas, qual o motivo de algumas coisas não serem esquecidas, apagadas; até que ponto o insuperável existe?
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Desabafo.

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Que Deus me perdõe pelos meus pecados, pelas minhas falhas, por meus orgulhos, pelas minhas dívidas. Que Ele se compadeça de mim, que sou ser tão mínimo, tão insignificante e por tantas vezes tão vazio de boas coisas, de bons sentimentos. Que esse Ser que é tão capaz de tudo possa deixar passar minha falta de tudo, minha falta de mim. Chego até a esperar que Ele me cuide e proteja, que me desculpe e que olhe por mim, apesar dos pesares, mas que principalmente não me deixe sozinha e que não tome em conta se por ventura eu vier a tomar alguma atitude fraca. 

Porque no fundo, bem no fundo eu quero ser, eu preciso ser e sigo acenando a Deus que não me deixe, que Ele, pelo menos, esteja sempre.
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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Certoincerto


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De que forma se conformar com o pouco, com o que é morno, com o que é indecentemente vazio? Para evitar esse vazio procurei refletir em alguém o que o outros diziam ser, dei importância ao inexistente até o momento em que percebi que nada disso é o bastante para mim. Nenhuma dessas aparências, nenhum desses pré-conceitos, nenhuma dessas coisas que a sociedade impõe aos seus. Nada disso me faz bem, me apaixona, me motiva. 

Ando chegando a conclusões ilusórias, deixando-me levar para longe de mim e pedindo coisas típicas de pessoas fracas. Contudo, não é isso. Não sou eu. Ando acenando para Deus me dar a força de que preciso. Ando buscando em palavras ser quem eu devo. Ando querendo ter ações que fogem de mim.

Estou em falta de ser eu, eu falta com as pessoas, em falta comigo mesma. E essa apatia tem que ir embora, tem que me deixar. O fato é que me desanimo das pessoas reais; em ilusões minhas as paixões brotam dos defeitos, do implícito, mas ,na verdade, nada é assim. Não tenho encontrado em quem confiar meus sentimentos, meus pensamentos, minhas palavras. Embora saiba que segredos só os são quando na cabeça de uma só pessoa, no fundo já havia me convencido a encontrar, a confiar, a ceder. 

Todavia, nada disso basta. As pessoas fazem jogos e não te comunicam de que você é peça principal, de que você faz parte. Eles jogam todo o tempo e o esperado é que você e encaixe, que se importe. Sou o incomum disso? Seria só eu? Tenho andado como cego em tiroteio, tentando não acertar, nem ser acertada. Mas, não basta. O que resta é estar dividido entre fazer os próprios jogos, impor as próprias regras e uma vida de máscaras, ser mentira ou ser sincero e continuar como cego em tiroteio, mas com a certeza de que você, ao final, foi bom, foi certo, foi não fingiu ser. Resta saber o menos degradante.

06.05.11

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sexta-feira, 22 de abril de 2011



Sou cheia de manias. Tenho carências insolúveis. Sou teimosa. Hipocondríaca. Raivosa, quando sinto-me atacada. Não como cebola. Só ando no banco da frente dos carros. Mas não imponho a minha pessoa a ninguém. Não imploro afeto. Não sou indiscreta nas minhas relações. Tenho poucos amigos, porque acho mais inteligente ser seletivo a respeito daqueles que você escolhe para contar os seus segredos. Então, se sou chata, não incomodo ninguém que não queira ser incomodado. Chateio só aqueles que não me acham uma chata, por isso me querem ao seu lado. Acho sim, que, às vezes, dou trabalho. Mas é como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat.



Fernanda Young

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quinta-feira, 21 de abril de 2011

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Clarice sendo Clarice.




Quer saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Tenho uma TPM horrível. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome. 


Clarice Lispector.